09 janeiro, 2008

Interroguei minha alma

Instalação de Luiz Antônio Chiquitão

Interroguei minh’alma livre
de teimosas ambições consolidadas
se no oposto do abismo
da costura me quisera

Disse-me apenas
haver de querer ouvir os pássaros
com líricas pretensões empertigadas
fazendo ninhos onde o azul alça suas nuvens
entrecruzadas por fios de prata machucados
*
Juntei pedaços de rancores de outras datas
não os colei pra que não renasçam pós-enterro
cantei um solo, bem chorado e marcado
e enterrei as ilusões a sete palmos e ao avesso

Teus Dedos

by Torsten Brandt


Teus dedos
Ansiando conhecer
Minha geografia
Fizeram-me rodopiar
Qual zonza e bêbada menina
Num vai-e-vem que me fez ouvir
Teu som como se fora música
Senti o toque de tua arfante respiração
E quis dançar no ritmo do balanço
Do arpejo do teu coração

Subi as escadas de uma ilusão
Fui buscar um gozo quase em profusão
Pontas dos dedos
Fizeram-se sentir
Em cada curva do meu corpo inerte
Entregue inteiro ao teu toque imberbe
Fazendo-me tremer da cabeça aos pés

Senti minhas forças sucumbirem
Levou-me a paraísos sem matizes
Só vi a negritude de uma explosão de prazer


Sinta-me
Sou pele que semeia arrepios
Sou carne que te causa calafrios
Sou energia que transpassa
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